Vivemos tempos de excepção, excepcionais e que mereciam decisões excepcionais, de excepção.
Há oito meses, quando a pandemia cá chegou, percebemos que o SNS era frágil e estava deficitário nas respostas que precisava dar.
Também nos avisaram, por essa altura, que haveria uma segunda vaga, por volta de Outubro (ou seja agora).
O normal seria que, analisando a situação em Março passado, os responsáveis tivessem analisado aquelas respostas do SNS, as suas fragilidades e necessidades, usando os meses de Verão para dotar o SNS de meios humanos, financeiros e materiais para estar à altura da expectável e anunciada segunda vaga da Covid-19.
Mas isso não aconteceu.
Com pouco mais de mil internados e cerca de centena e meia de pessoas nas UCI, que foi o que antes tivemos, já começamos a ouvir vozes (de responsáveis governativos) a dizer que o SNS começa a ficar saturado, com tanta procura.
Então onde está o tão badalado investimento na Saúde, que Kosta & Cª afirmam ter sido feito?
Fazem, agora, o mais fácil.
Dizem que a culpa é das pessoas, que relaxaram em demasia, ouve-se todos os dias.
Dizem que o contágio acontece, fundamentalmente, nas famílias.
É o discurso recorrente.
Mas assumir responsabilidades, nem um som.
Não explicam porque não é considerado um risco viajar no trajecto casa/trabalho/casa, quando os transportes estão lotados, sem distanciamento.
Como não explicam porque se deve manter 2 metros entre as pessoas em todo o lado e, nas escolas, um metro chega e sobra!
Ou porque há touradas, ou espectáculos, ou comícios, ou manifs com pessoas penduradas noutras.
Mas, todavia, temos de repensar o Natal...
Irrita (e muito) a incoerência dos discursos mas este "sacudir a água do capote" e endosso da responsabilidade para a população faz muito mal à saúde da democracia.
Haja saúde e memória.