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O que o vírus NÃO nos deu

por Nunovsky Ops, em 10.06.20

Há uns dias atrás, neste mesmo espaço, fiz uma reflexão sobre tudo aquilo que esta pandemia nos trouxe, a faculdade que podermos olhar e de podermos observar cuidadosamente tudo aquilo que nos rodeia fazendo uma análise critica, mas sempre subjectiva,  dos mesmos.

Os últimos dias trouxeram-nos algumas histórias (e estórias) que me levaram a querer escrever alguns lamentos quase inquisitórios ao vírus (se ele me estiver a ler que se digne a refutar...).

Sim, foram feitas promessas pelo Sr. Covid-19 que não estão a ser cumpridas e, como tal, as expectativas estão a sair defraudadas...

Foi-nos prometido que com a presença do Sr. tudo ia mudar, as pessoas iam mudar, Portugal ia mudar, o mundo ia mudar. E paro por aqui, no mundo, porque no espaço as coisas mudaram. A PPP que levou mais uns astronautas para o espaço resultou e as coisas fora da Terra vão ser diferentes. 

Mas o espaço é longe e caro e por isso estávamos todos a contar que o Sr. Covid-19 cumprisse aquilo que prometeu.

Disseram-nos que as pessoas iam dar mais valor ao essencial, ao humanismo, aos afectos, às relações sociais e ao património... E o que verificamos é que continua a ser mais importante a #hashtag, o "estar" e ser visto, o eu e não o nós, as indignações momentâneas e de circunstancia...

Disseram-nos que Portugal ia mudar e, assim, teríamos um jornalismo independente, imparcial e escrutinador e não uns meros papagaios e caixas de ressonâncias das redes sociais ; teríamos Estadistas que pensariam o país de forma integrada, com estratégias consensuais para uma década independentes de ideologias e não políticos que pensam nas próximas eleições e nos tachos para os boys e na polarização da extrema esquerda e da extrema direita (uma alimenta a outra...).

O Sr. Covid-19 prometeu que teríamos respeito pelas profissões que o senhor trouxe para a ribalta como os profissionais da saúde, do ensino, das forças de segurança, da logística, etc. com sessões de palminhas às 22:00 e o que verificamos são insultos, agressões físicas e desconsiderações e o frio esquecimento ingrato.

Por algum tempo o Sr. iludiu-nos com a quimera de que estávamos todos no mesmo barco, na onda democrática da pandemia mas o que temos é um aumento das desigualdades, o aumento da mortalidade não-Covid e o aumento da intolerância.

Até no futebol o Sr. deu-nos a ilusão de uma união e reflexão sincera e o que temos é um "mais do mesmo", de grunhisse, de violência e de afastamento gradual dos mais sensatos.

No mundo, o Sr. Covid-19 teve a oportunidade de arrumar uns Bolsonaros, Trumps, Putins e Jong-uns da face da Terra e a única coisa que fez foi pôr em sentido o Boris. Teve também a oportunidade de fazer com que a morte de uma pessoa (seja em que circunstancia) fosse encarada sempre como uma tragédia independentemente da sua cor ou género...

Mas o que mais me chateia é que o Sr. não conseguiu fazer ver ao mundo é que só através da educação se pode ser melhor, ter espírito critico, votar, ser mais tolerante e ter melhores condições de vida. 

No fundo, e em jeito de conclusão, o Sr. Covid-19 prometeu muito e não cumpriu. É apenas mais um político da nossa praça...   

 

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publicado às 12:00

Profissões com Futuro

por Nunovsky Ops, em 28.04.20

Hoje, durante o almoço, o meu filho dizia-me que não sabia o que queria ser quando fosse grande... Apenas queria ter uma profissão que gostasse e que ganhasse dinheiro...

Claro que lhe dei aquela resposta típica de pai, com a angustia natural de preocupação com o futuro do filho, de que teria de escolher algo que gostasse e que o fizesse feliz... Foi bonito vê-lo deambular entre ser veterinário, algo ligado com a História e trabalhar na aviação... Tudo interligado como sabemos !!!!

Mas enquanto ele comia a sobremesa, dei por mim a pensar que, com o raio do vírus, a "coisa" mudou substancialmente... As profissões ligadas à Saúde voltaram a ter um grande protagonismo, assim como a Logística e as forças de segurança... Curiosamente as mais fustigadas pelo Governo no passado recente: os enfermeiros, depois de inúmeras greves para terem os seus méritos reconhecidos, eram destratados publicamente por tudo e todos; os motoristas de pesados eram uns oportunistas e as forças de segurança, para alem de verem a sua autoridade fustigada diariamente e terem de pagar o seu próprio equipamento, eram mal pagas e objeto de constante esquecimento pela tutela... Quem diria!!! Ainda bem que os juízes foram atualizados na sua evolução de carreira a nível salarial...

O futuro estará assegurado para as profissões ligadas às novas tecnologias, às entregas domiciliárias e, digo eu, aos condutores de drones!!!

Agora, a pergunta para os 5 milhões de € é: quais serão as profissões que acabarão por se extinguir depois desta pandemia? Quais serão as consequências disruptivas para os mercados de trabalho?

A emissão segue dentro de momentos...

 

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publicado às 15:09

Raisparta o virus

por Nunovsky Ops, em 16.04.20

Raisparta o vírus.

Estou em casa desde o dia 16 de março. Faz hoje um mês. Quinze dias a fazer de co-professor do miúdo que passou a ter aulas em casa. Porreiro pá.

Depois a empresa mandou todos para casa em layoff um mês porque as máquinas deixaram de voar... Não se sabe até quando... Raisparta o vírus. Entretanto o sr. Costa diz que as escolas não abrem mais e os putos estudam à distancia... Lá estou eu a fazer de professor assistente a um tipo que, agora, já sabe mais de Microsoft Teams que eu... O fundo das videochamadas do gajo é uma praia paradisíaca... E ontem já ensinou estas cenas aos professores e amigos... Lá se foi a vantagem informática...

Raisparta o vírus... Como é que uma coisita, que se parece uma daquelas bolas de borracha que damos ao cão para que deixe de roer a instalação elétrica do jardim, conseguiu mudar esta merda toda... E se a vida já não andava boa a partir de agora, jasus!!

Raisparta o vírus... A política, o futebol, a imprensa, as pessoas ficaram com a vida de pernas para o ar... Até a mim me deu para escrever estas coisas porque deixei de poder massacrar os meus amigos com as minhas merdas...

Raisparta o vírus... E o Centeno que ia para o Banco de Portugal? Eish, coitado. E o Costa que ia ter o excedente orçamental? Eish, coitado. E o Rio, e a Joacine, e o Ventura, a Catarina e o gajo com olhos de banzado do CDS? Eish, coitados. E o Porto que ia ser campeão, e o Benfica que ia vender o manel por 125 milhões, e o Sporting que... pois, e o Marega, e uuuuu Vitória, e a seleção???

Raisparta o vírus... E agora? Quando é que o Migas vai nadar? Quando é que a Suzi vai ter unhas? Quando é que o ruca vai beber agua que arde? Quando é que o tio Nerso vai ao ginásio? Quando é que o soninho acorda?

Uma coisa é certa, e parafraseando esse grande utente da N105 e linguista do futebol nacional - Manuel Machado, "um vintém é um vintém, um cretino é um cretino".

 

 

 

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publicado às 10:26



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