Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Análise do quotidiano, da nossa vida, dos nossos dias, da actualidade e afins... sem filtros e sem preconceitos. Um destes dias iremos ter receitas também...E frase do dia e essas coisas...
Indignado.
É assim que me sinto.
Num país onde a capital vive em pequenas bolhas e onde nas principais metrópoles é norma a indignação, resolvi aderir a esta nova moda e indignar-me.
Desconheço se temos de ir a algum guichet fazer a inscrição ou então ir a alguma rede social para poder intitular-me um "indignado" encartado...
E porque é que me indignei, deverão estar a perguntar (isto se ainda estiverem a flagelar os olhos a ler isto...)?
Indignei-me porque no espaço de uma semana a televisão e o governo mataram a minha ilusão de pertencer à classe média.
Senão vejamos: no inicio da semana o Miguel Sousa Tavares declarou que qualquer recém-licenciado começa a sua vida laboral a ganhar 2700€... 2700€!! Eu que já ando nestas lides há já algumas primaveras, que supostamente ganhava bem por pertencer a uma empresa grande e que tenho formação superior, nem de perto (quanto mais de longe) chega à conta no final do mês 2700€...2700€.
Eu sei que em certas elites e substratos da capital é usual começaram por baixo... por 2700€...2700€... mas no país real não...
Por norma sou um tipo optimista e tento ver que qualquer adversidade poderia ser pior... Posso não ter como salário base 2700€ mas o puto anda num colégio privado... "Devo ser da classe média ainda", pensei eu, e fiquei aliviado... Todos os anos são 4400€ de propina a que se junta o preço dos livros que não são de borla... Lá se vão €4700... Podia ser pior...
Ainda me estava a refazer deste estilhaço na minha auto-estima quando vi a entrevista que o Ministro da Educação deu à Lusa... Então não é que o xôr ministro disse (sem se rir) que cada aluno representa um custo anual de 6200€ ????... Os alunos das escolas publicas ficam mais caros que os do privado...
Foi a machadada final na minha ténue esperança de ser da classe média pois mesmo que, com os meus impostos dê 500€ para o Ministério da Educação, mesmo assim fico com uma diferença de 1000€ (4700+500=5200-6200=1000).
Definitiva e oficialmente faço parte dos remediados deste país... E por isso indignei-me. Pode ser que ganhe alguma coisa com isso...
Mas podia ser pior...
Os tipos que têm os miúdos no Rosário ou no Efanor da Sonae pagam €5200 de propina anual e pensam que lá é que é bom... Não é... Todos gostamos do mais caro...
Amigos, os putos da C+S de Alguidar de Baixo custam 6200€...
Pumbas choninhas...
Lucília Monteiro
Não tem sido fácil vir aqui escrevinhar qualquer coisa nestes dias...
A realidade e o quotidiano do nosso país deixam-me com mix feelings: angustia e raiva.
Não consigo deixar de sentir uma raiva enorme com a gestão da pandemia, com o pior dos seres humanos a vir ao de cima...
Quando tento escrever algo sobre esses assuntos não consigo ser ponderado e equilibrado...
São as balburdias das vacinas, são as mortes diárias, é a economia a afundar, é a anomia da sociedade em geral, é a passividade da comunicação social, são as realidades alternativas do nosso Governo...
E no trabalho as coisas não andam melhores... a típica inveja portuguesa, a pandemia e os fracos gestores não nos largam...
Quando é que chega 2022 ou 2023?
Em 1975 o general Otelo Saraiva de Carvalho foi de viagem oficial à Suécia, acompanhado por Rosa Coutinho. Na altura Otelo era comandante do poderoso COPCON. Reza a lenda que conversa com o primeiro-ministro sueco Olof Palme, Otelo teria dito com orgulho que em Portugal já tínhamos acabado com os ricos. Palme respondeu que, na Suécia, preferiam acabar com os pobres.
Em Março de 2020, aquando do primeiro confinamento geral, o Governo fomentou o ensino à distancia quer através da tele-escola quer através das plataformas digitais. A estratégia tinha óbvias falhas mas estas eram desculpáveis pela urgência e pelo inusitado do momento. Os alunos do ensino privado, com sistemas já implementados, obtiveram uma maior normalidade no processo de ensino (posso atestar por experiência própria).
Muitos alertas foram feitos para diminuir as assimetrias e as desigualdades do sistema. O Governo do sotor Costa e do sotor Rodrigues logo trataram de anunciar um programa ao estilo Magalhães 2.0.
Muitos meses passaram sem que nada se voltasse a ouvir (fosse o que fosse) sobre a atribuição de computadores e internet para todo o ensino publico. Apenas que estava fora de questão voltar a fechar as escolas.
Mas, surpresas das surpresas, as escolas fecharam. E o que fez o nosso Governo? Proibiu as aulas presenciais e online para todos.
Quais foram os critérios? O vírus não é informático e com os alunos "presos" às aulas online não andam nas ruas... A razão trata-se somente de uma opção ideológica para camuflar a incompetência e a inexistência de medidas equitativas que assegurem a igualdade de acesso à Internet e a computadores a todos os alunos.
Ao proibir as aulas online durante o confinamento decretado, o Governo não fez mais que nivelar por baixo todos os alunos... Bem-vindos ao PREC.
Cid
Nos últimos dias vieram a publico algumas iniciativas e reivindicações de alguns organismos e entidades ligadas ao Turismo para atenuar as dificuldades.
Basicamente pretendem colocar pensos rápidos em fracturas expostas...
Infelizmente, quando era imperioso existir uma liderança estratégica firme por parte do Turismo de Portugal e do Governo, para um sector (menosprezado) mas vital para a recuperação económica do país, tivemos apenas o "Clean & Safe" entretanto esquecido, a abertura de linhas de crédito, o vazio e... vácuo por parte da Secretária de Estado...
As regiões de Turismo não deveriam trabalhar em conjunto em vez de competirem? É o que dá os "jobs for the boys"...
Criar sinergias, estratégia integrada de todos os players e evitar a dispersão de meios e canibalismo de mercados e lutas entre regiões de Turismo... nãh, népia, nicles (bola como diria JJ).
A Associação de Hotelaria de Portugal propôs vouchers de 50 euros, transportes públicos gratuitos até Março de 2021 e entradas gratuitas em todos os espaços culturais à... CM Lisboa? E porque não alargar a todo o país? E porque não integrar a TAP na promoção e divulgação deste tipo de acções?
E por falar em TAP, deixo aqui um artigo de opinião sobre a TAP diferente de todos os que ultimamente têm sido divulgados...
O José Mendonça da Cruz aborda todo o processo que envolveu a TAP de uma forma critica salientando a falta de estratégia dos nossos governantes... https://observador.pt/opiniao/como-socialistas-e-patriotas-uteis-destruiram-a-tap/
Quando era miúdo (um "catraio" ou "ganapo" como diziam na minha terra) uma das coisas que mais me frustrava era quando a minha "avó" (que era a minha ama) me perguntava se eu tinha olhado ou tinha observado alguma coisa... Para um projecto de gente com cinco ou seis anos, aquilo fazia-me uma confusão dos diabos... Então as respostas eram consoante os dias: às vezes "olhava", outras "observava". Algum dia iria acertar na resposta...
Vem isto a propósito da faculdade que foi posta à nossa disposição pelo nosso omnipresente e enjoativo Covid-19: poder olhar e poder observar. Isto porque já passou tempo suficiente para ser feita uma análise desprendida de basicamente tudo... e podermos constatar que olhamos para certos assuntos e que estes merecem um olhar mais atento, mais pormenorizado... uma observação cuidada (mas subjetiva).
Assim, vimos que no inicio da crise do vírus, o Governo foi impelido a seguir as recomendações de grande parte da população que se auto-confinou parando o país. E a DGS ia ziguezagueando ao sabor das noticias vindas de fora e das indicações do Governo sobre a falta de dinheiro e recursos...
Por falar em recursos, muitos empresários viram a lenta ruína bater-lhes à porta enquanto que a outros predestinados, pela nossa incompetência governativa, surgiram oportunidades de negócios da China. Foi o resultado da estratégia de "navegar à vista" e ao sabor do vento... Eram precisas máscaras? Compravam-se quaisquer máscaras... Eram precisos ventiladores? Talvez não, mas a opinião publica pressionava, e então comprou-se ventiladores mesmo com instruções em mandarim... e mesmo que uma parte deles ainda não tenha chegado a território nacional...
O confinamento foi necessário? Sem duvida pois era necessário evitar o colapso do SNS como em Itália e Espanha. A "sorte" do SNS foram os profissionais de saúde que não nos faltaram apesar de serem uns dos patinhos feios da Administração Publica.
E o SNS não colapsou e quase todos os municípios fizeram o que o governo central deveria ter feito junto dos mais idosos e dos mais desprotegidos. Sim, em 2020 ainda existe um pestilento odor centralista em Portugal. Só se consegue observar isso de fora da bolha da capital do império... Lá de dentro só se vê provincianos e bairristas bacocos e saloios cá fora...
Quanto à pobreza e às dificuldades, que aqueles que estão desempregados ou em layoff sofrem, estão a ser olimpicamente ignorados por uma comunicação social engajada e distraída com reeleições, com as boçalidades dos Bolsonaros e Trumps e com outras indignações do momento.
E assim, enquanto uns tentam sobreviver e outros pensam na praia, conseguimos observar que no nosso extenso Governo não existe um tipo capaz de pensar numa estratégia para sairmos deste desastre. O Sr Costa teve de contratar (mais um) consultor para nos guiar no meio da escuridão... Lá vamos nós ter aqueles projectos do costume, aqueles processos de intenções partidários tipo miss Mundo, e vamos ter os resultados habituais... Tudo no espírito do nacional porreirismo e os outros que decidam...
Vendo o mês de Junho e observando as previsões para o Verão, só espero é que não sejamos castigados com grandes incêndios... Alguém ouviu falar de prevenção e combate? Aguardo instruções da DGS para os Bombeiros semelhantes aquelas dadas aos Nadadores Salvadores...
O título deste post é da autoria de Almada Negreiros, pintor, desenhador, vitralista, poeta, romancista, ensaísta, crítico de arte, conferencista, dramaturgo, que foi desde 1910, uma das mais notáveis figuras da cultura portuguesa até aos nossos dias. A referencia a "1+1=1" vem na sequencia de uma conferencia dada por Almada-Negreiros no Teatro Almeida Garrett (atual D.Maria II) em 1932 onde critica aqueles que diziam que «o individualismo morreu e que o coletivismo ganhou», e onde afirmava que «isolar o que seja do próprio conjunto a que pertence tudo é fazer disso mesmo uma direção proibida.»
(Fica sempre bem um apontamento cultural... e ajuda a manter a fama de intelectualóide...)
Isto vem a propósito da polémica desenvolvida ontem entre a TAP e os municípios das Regiões Norte e Centro de Portugal... Este é um caso típico em que as parcelas desta adição estão certas, isto numa análise despudorada e isenta. Sim, ambas estão certas nas suas posições e reivindicações. Pode parecer contraditório mas não é...
A Comissão Executiva da TAP tem como objetivo a boa gestão da companhia de forma a maximizar os proveitos e minimizar os custos. Assim, se a empresa está a navegar em mares agitadissimos, com quase a totalidade da sua frota no chão e sem receitas a entrar em caixa, faz o que a boa gestão manda que é usar os seus recursos com parcimónia. O dinheiro não abunda e, apesar do pedido de ajuda ao Estado ter sido feito no inicio de Abril, o grupo de estudo para esta ajuda só foi criado no inicio da segunda quinzena de Maio. Assim, o dinheiro não deve chegar para as necessidades mais próximas...
Todas as outras companhias de bandeira estão a centralizar operações (a BA centralizou as operações em LHR, a AF centralizou em CDG etc...) e os custos de operação diferem de companhia para companhia (custos mais baixos nas low-cost) o que interfere na rentabilidade a nível de ocupação média das aeronaves. Daí a racionalidade da entrada em alguns mercados e da ausência de oferta noutros. Não é de hoje que esta tem sido a política desta Comissão Executiva onde quando não existe procura os voos são suprimidos (utilizando linguagem ferroviária). A celebre rota Porto-Lyon é disso um exemplo: foi cancelada antes de existir sequer. Motivo: fraca procura.
Por outro lado, as reivindicações do grupo de municípios do Norte e Centro são mais do que racionais e justas. Se no passado a TAP desinvestiu no Porto, a região tratou de assegurar outras opções para os seus projetos com subsidios para a captação de outras companhias. A TAP recuou e voltou a investir. A região Norte perdoou mas não esqueceu. Agora todos os municipios estão com graves situações economico-sociais nas mãos. As empresas dos seus concelhos estão a asfixiar com esta pandemia e todos querem fazer a retoma da economia o mais rapidamente possível. Precisam de poder escoar os seus produtos, poder vender as suas marcas no estrangeiro e receber turistas para alavancar toda uma economia. Para isso, nada melhor que usar um ponta-de-lança de peso, com estatuto e prestigio: a TAP. Alem do mais, trata-se de uma empresa onde 50% do capital é do Estado e, apesar de existir um contrato onde os atos de gestão são privados, estes são tempos de exceção. Acrescente-se ainda o facto da TAP precisar de uma injeção de apoios do Estado na ordem dos 1000 milhões de euros. Assim, e se a TAP vai ser ajudada pelo Estado (todos nós) faz todo o sentido usar a TAP para desenvolver a retoma harmoniosa de todo o território nacional.
Então o que está a falhar nesta simples soma? A resposta é o Governo. Além de estarem assustadíssimos com o que está a acontecer e completamente desnorteados, não têm dinheiro e não têm qualquer tipo de estratégia. Só assim se explica que o Turismo do Porto e Norte se tenha juntado ao protesto dos municípios e o Turismo de Portugal se tenha remetido ao completo silêncio. Sabe-se que a TAP colocou todos os seus recursos à disposição deste organismo e os resultados são os que se sabem...
O Governo através da Secretaria de Estado do Turismo e do Turismo de Portugal deveriam ter um plano estratégico integrado envolvendo todas as regiões de Turismo, todos os players deste negócio e a TAP de forma a que todos remassem para o mesmo lado e usassem todas as sinergias. Iria ter custos? Claro que sim mas sob a forma de investimento e se calhar o "comprar o que é português" iria ter mais sentido... A estratégia do Algarve é similar à do Norte? E Lisboa? E a Madeira? Vão todos fazer concorrência uns aos outros?E porque é que o Governo Regional do Açores adjudicou à Ryanair a promoção do arquipélago no Reino Unido?
Agora que o caldo está entornado, vamos assistir a jogos de poder e exercícios de demagogia e hipocrisia... Mais uma vez à boa maneira portuguesa...
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.