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Tempos excepcionais

por Nunovsky Ops, em 18.10.20
Vivemos tempos de excepção, excepcionais e que mereciam decisões excepcionais, de excepção.
Há oito meses, quando a pandemia cá chegou, percebemos que o SNS era frágil e estava deficitário nas respostas que precisava dar.
Também nos avisaram, por essa altura, que haveria uma segunda vaga, por volta de Outubro (ou seja agora).
O normal seria que, analisando a situação em Março passado, os responsáveis tivessem analisado aquelas respostas do SNS, as suas fragilidades e necessidades, usando os meses de Verão para dotar o SNS de meios humanos, financeiros e materiais para estar à altura da expectável e anunciada segunda vaga da Covid-19.
Mas isso não aconteceu.
Com pouco mais de mil internados e cerca de centena e meia de pessoas nas UCI, que foi o que antes tivemos, já começamos a ouvir vozes (de responsáveis governativos) a dizer que o SNS começa a ficar saturado, com tanta procura.
Então onde está o tão badalado investimento na Saúde, que Kosta & Cª afirmam ter sido feito?
Fazem, agora, o mais fácil.
Dizem que a culpa é das pessoas, que relaxaram em demasia, ouve-se todos os dias.
Dizem que o contágio acontece, fundamentalmente, nas famílias.
É o discurso recorrente.
Mas assumir responsabilidades, nem um som.
Não explicam porque não é considerado um risco viajar no trajecto casa/trabalho/casa, quando os transportes estão lotados, sem distanciamento.
Como não explicam porque se deve manter 2 metros entre as pessoas em todo o lado e, nas escolas, um metro chega e sobra!
Ou porque há touradas, ou espectáculos, ou comícios, ou manifs com pessoas penduradas noutras.
Mas, todavia, temos de repensar o Natal...
Irrita (e muito) a incoerência dos discursos mas este "sacudir a água do capote" e endosso da responsabilidade para a população faz muito mal à saúde da democracia.
Haja saúde e memória.

 

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publicado às 20:27

O que o vírus NÃO nos deu

por Nunovsky Ops, em 10.06.20

Há uns dias atrás, neste mesmo espaço, fiz uma reflexão sobre tudo aquilo que esta pandemia nos trouxe, a faculdade que podermos olhar e de podermos observar cuidadosamente tudo aquilo que nos rodeia fazendo uma análise critica, mas sempre subjectiva,  dos mesmos.

Os últimos dias trouxeram-nos algumas histórias (e estórias) que me levaram a querer escrever alguns lamentos quase inquisitórios ao vírus (se ele me estiver a ler que se digne a refutar...).

Sim, foram feitas promessas pelo Sr. Covid-19 que não estão a ser cumpridas e, como tal, as expectativas estão a sair defraudadas...

Foi-nos prometido que com a presença do Sr. tudo ia mudar, as pessoas iam mudar, Portugal ia mudar, o mundo ia mudar. E paro por aqui, no mundo, porque no espaço as coisas mudaram. A PPP que levou mais uns astronautas para o espaço resultou e as coisas fora da Terra vão ser diferentes. 

Mas o espaço é longe e caro e por isso estávamos todos a contar que o Sr. Covid-19 cumprisse aquilo que prometeu.

Disseram-nos que as pessoas iam dar mais valor ao essencial, ao humanismo, aos afectos, às relações sociais e ao património... E o que verificamos é que continua a ser mais importante a #hashtag, o "estar" e ser visto, o eu e não o nós, as indignações momentâneas e de circunstancia...

Disseram-nos que Portugal ia mudar e, assim, teríamos um jornalismo independente, imparcial e escrutinador e não uns meros papagaios e caixas de ressonâncias das redes sociais ; teríamos Estadistas que pensariam o país de forma integrada, com estratégias consensuais para uma década independentes de ideologias e não políticos que pensam nas próximas eleições e nos tachos para os boys e na polarização da extrema esquerda e da extrema direita (uma alimenta a outra...).

O Sr. Covid-19 prometeu que teríamos respeito pelas profissões que o senhor trouxe para a ribalta como os profissionais da saúde, do ensino, das forças de segurança, da logística, etc. com sessões de palminhas às 22:00 e o que verificamos são insultos, agressões físicas e desconsiderações e o frio esquecimento ingrato.

Por algum tempo o Sr. iludiu-nos com a quimera de que estávamos todos no mesmo barco, na onda democrática da pandemia mas o que temos é um aumento das desigualdades, o aumento da mortalidade não-Covid e o aumento da intolerância.

Até no futebol o Sr. deu-nos a ilusão de uma união e reflexão sincera e o que temos é um "mais do mesmo", de grunhisse, de violência e de afastamento gradual dos mais sensatos.

No mundo, o Sr. Covid-19 teve a oportunidade de arrumar uns Bolsonaros, Trumps, Putins e Jong-uns da face da Terra e a única coisa que fez foi pôr em sentido o Boris. Teve também a oportunidade de fazer com que a morte de uma pessoa (seja em que circunstancia) fosse encarada sempre como uma tragédia independentemente da sua cor ou género...

Mas o que mais me chateia é que o Sr. não conseguiu fazer ver ao mundo é que só através da educação se pode ser melhor, ter espírito critico, votar, ser mais tolerante e ter melhores condições de vida. 

No fundo, e em jeito de conclusão, o Sr. Covid-19 prometeu muito e não cumpriu. É apenas mais um político da nossa praça...   

 

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publicado às 12:00

O que o vírus nos deu

por Nunovsky Ops, em 05.06.20

Quando era miúdo (um "catraio" ou "ganapo" como diziam na minha terra) uma das coisas que mais me frustrava era quando a minha "avó" (que era a minha ama) me perguntava se eu tinha olhado ou tinha observado alguma coisa... Para um projecto de gente com cinco ou seis anos, aquilo fazia-me uma confusão dos diabos... Então as respostas eram consoante os dias: às vezes "olhava", outras "observava". Algum dia iria acertar na resposta...

Vem isto a propósito da faculdade que foi posta à nossa disposição pelo nosso omnipresente e enjoativo Covid-19: poder olhar e poder observar. Isto porque já passou tempo suficiente para ser feita uma análise desprendida de basicamente tudo... e podermos constatar que olhamos para certos assuntos e que estes merecem um olhar mais atento, mais pormenorizado... uma observação cuidada (mas subjetiva).

Assim, vimos que no inicio da crise do vírus, o Governo foi impelido a seguir as recomendações  de grande parte da população que se auto-confinou parando o país. E a DGS ia ziguezagueando ao sabor das noticias vindas de fora e das indicações do Governo sobre a falta de dinheiro e recursos...

Por falar em recursos, muitos empresários viram a lenta ruína bater-lhes à porta enquanto que a outros predestinados, pela nossa incompetência governativa, surgiram oportunidades de negócios da China. Foi o resultado da estratégia de "navegar à vista" e ao sabor do vento... Eram precisas máscaras? Compravam-se quaisquer máscaras... Eram precisos ventiladores? Talvez não, mas a opinião publica pressionava, e então comprou-se ventiladores mesmo com instruções em mandarim... e mesmo que uma parte deles ainda não tenha chegado a território nacional...

O confinamento foi necessário? Sem duvida pois era necessário evitar o colapso do SNS como em Itália e Espanha. A "sorte" do SNS foram os profissionais de saúde que não nos faltaram apesar de serem uns dos patinhos feios da Administração Publica.

E o SNS não colapsou e quase todos os municípios fizeram o que o governo central deveria ter feito junto dos mais idosos e dos mais desprotegidos. Sim, em 2020 ainda existe um pestilento odor centralista em Portugal. Só se consegue observar isso de fora da bolha da capital do império... Lá de dentro só se vê provincianos e bairristas bacocos e saloios cá fora...

Quanto à pobreza e às dificuldades, que aqueles que estão desempregados ou em layoff sofrem, estão a ser olimpicamente ignorados por uma comunicação social engajada e distraída com reeleições, com as boçalidades dos Bolsonaros e Trumps e com outras indignações do momento. 

E assim, enquanto uns tentam sobreviver e outros pensam na praia, conseguimos observar que no nosso extenso Governo não existe um tipo capaz de pensar numa estratégia para sairmos deste desastre. O Sr Costa teve de contratar (mais um) consultor para nos guiar no meio da escuridão... Lá vamos nós ter aqueles projectos do costume, aqueles processos de intenções partidários tipo miss Mundo, e vamos ter os resultados habituais... Tudo no espírito do nacional porreirismo e os outros que decidam...

Vendo o mês de Junho e observando as previsões para o Verão, só espero é que não sejamos castigados com grandes incêndios... Alguém ouviu falar de prevenção e combate? Aguardo instruções da DGS para os Bombeiros semelhantes aquelas dadas aos Nadadores Salvadores...

 

 

 

 

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publicado às 11:00



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